Vacinar um filhote vai muito além de apenas “seguir o calendário do veterinário”. Entender como as vacinas funcionam e por que são aplicadas em determinados momentos pode fazer toda a diferença na saúde do seu cão a longo prazo.
As Diretrizes de Vacinação da WSAVA 2024 (World Small Animal Veterinary Association) trazem atualizações importantes para garantir proteção eficaz e duradoura. Se você tem um filhote, este guia é para você.
1. VACINAS ESSENCIAIS: AS QUE TODO FILHOTE PRECISA
A WSAVA classifica as vacinas em essenciais e não essenciais. As essenciais são obrigatórias porque protegem contra doenças graves e potencialmente fatais:
Cinomose (CDV)
Parvovirose (CPV-2)
Hepatite Infecciosa Canina (CAV-1)
Raiva (onde for obrigatória por lei)
Essas doenças são altamente contagiosas e podem ser fatais. Por isso, vacinar corretamente é fundamental para a imunidade do filhote.
2. O ESQUEMA VACINAL RECOMENDADO PELA WSAVA 2024
1ª dose: entre 6 e 8 semanas de vida
2ª dose: entre 10 e 12 semanas
3ª dose: a partir de 16 semanas
Reforço final: entre 6 e 12 meses após a última dose
Por que dar a última dose somente a partir das 16 semanas? Porque antes disso, os anticorpos maternos podem interferir na resposta vacinal. Vacinar apenas com 8 ou 12 semanas não garante proteção completa.
Após o primeiro ano, os reforços devem ser feitos a cada 3 anos, conforme indicado por exames sorológicos ou avaliação do veterinário.
3. VACINAS NÃO ESSENCIAIS: QUANDO SÃO INDICADAS?
Além das vacinas essenciais, existem as não essenciais, aplicadas conforme risco de exposição do filhote. Algumas das mais comuns incluem:
📍 Leptospirose – Requer reforço anual, recomendada para cães que vivem em áreas rurais ou com presença de roedores.
📍 Tosse dos Canis (Bordetella e Parainfluenza) – Indicada para cães que frequentam creches, hotéis ou competições.
📍 Leishmaniose – Essencial em regiões endêmicas, porém o principal meio de prevenção deve ser o controle do mosquito transmissor.
📍 Coronavírus Canino (CCoV) – Raramente indicada, pois a infecção geralmente não é grave.
4. O QUE ACONTECE SE UM FILHOTE NÃO FOR VACINADO?
A falta de vacinação pode ter consequências graves:
Risco elevado de infecção por vírus fatais como cinomose e parvovirose.
Maior probabilidade de surtos em comunidades com baixa cobertura vacinal.
Gasto maior com tratamentos intensivos, muitas vezes sem garantia de recuperação.
A vacinação é um investimento na saúde do seu cão, evitando sofrimento e despesas futuras.
5. MITOS SOBRE VACINAÇÃO QUE PRECISAM SER DESMISTIFICADOS
“Cães que tomam vacina todo ano ficam mais protegidos.”
➡️ Falso! A WSAVA recomenda reforços a cada 3 anos para vacinas essenciais, evitando supervacinação desnecessária.
“Filhotes já protegidos pelo leite materno não precisam de vacina.”
➡️ Falso! Os anticorpos maternos diminuem com o tempo, deixando o filhote vulnerável se ele não receber reforços adequados.
“Se meu cão vive dentro de casa, ele não precisa de todas as vacinas obrigatórias.”
➡️ Falso! Muitas doenças são transmitidas pelo ar, contato com objetos contaminados ou mesmo pelo tutor trazendo vírus da rua.
6. VACINAS NÃO RECOMENDADAS: QUANDO EVITAR?
Nem todas as vacinas disponíveis no mercado são recomendadas pela WSAVA. Algumas têm eficácia duvidosa, baixa relevância clínica ou causam mais reações adversas do que benefícios.
Coronavírus Canino (CCoV) – A WSAVA não recomenda essa vacina porque o coronavírus entérico canino geralmente causa apenas diarreia leve e autolimitante. Além disso, a vacina não protege contra a COVID-19 (SARS-CoV-2), que é uma doença diferente.
Giárdia (Giardia spp.) – Apesar de existir vacina contra giardíase, ela não impede a infecção nem a transmissão do parasita, apenas reduz a eliminação de cistos nas fezes. O controle da giardíase deve ser feito por meio de saneamento, higiene e tratamento adequado, e não pela vacinação.
Adenovírus Tipo 1 (CAV-1) em vacinas inativadas – Embora o adenovírus canino tipo 1 cause a hepatite infecciosa, a WSAVA recomenda o uso da vacina contra CAV-2 em vez da CAV-1, pois esta última pode causar efeitos adversos, como opacidade na córnea (“olho azul”).
📌 A regra geral: vacine seu cão apenas contra doenças que realmente representam um risco para ele. Evite vacinas que não oferecem proteção comprovada ou que podem ser substituídas por medidas de manejo mais eficazes.