Muitas pessoas pensam que problemas articulares são exclusivos de cães idosos. Porém, é cada vez mais comum ver cães jovens sofrendo com displasia coxofemoral, displasia de cotovelo, luxação de patela e até lesões de ligamento cruzado. A ideia de que não há muito o que fazer para evitar essas doenças articulares ainda é bastante difundida. Alguns cuidadores apostam em suplementos para retardar o desgaste das articulações ou recorrem a terapias naturais para aliviar a dor. Mas será que é inevitável? E se for possível prevenir?
Conheça os 3 erros mais frequentes que aumentam as chances de doenças articulares nos cães, e descubra como evitá-los.
1. Vacinação Excessiva
Estudos apontam que o excesso de vacinas, principalmente a de cinomose, pode estar relacionado a danos nas articulações. Uma pesquisa conduzida no Reino Unido, com mais de 4 mil cães, indicou que muitos desenvolveram problemas de mobilidade pouco tempo após serem vacinados. Outros estudos identificaram anticorpos ligados à cinomose em cães com doenças articulares.
Um estudo da Universidade de Purdue observou que filhotes vacinados desenvolveram autoanticorpos contra seu próprio colágeno, uma proteína fundamental para a estabilidade articular. Em outras palavras, o sistema imunológico desses cães passou a atacar os tecidos que deveriam proteger. O colágeno representa de 70% a 90% da estrutura de músculos, tendões e ligamentos. Quando esse tecido é danificado, as articulações perdem sustentação e o risco de lesões aumenta.
Um dos maiores especialistas em imunologia veterinária, Dr. Ronald Schultz, demonstrou que uma única dose da vacina contra cinomose é suficiente para conferir imunidade duradoura. Mesmo expostos ao vírus poucas horas após a vacinação, os filhotes continuaram protegidos.
Portanto, repetir a vacina de cinomose (no Brasil, ela faz parte da vacina polivalente) todos os anos pode ser não só desnecessário, mas também prejudicial. Uma única aplicação, no momento certo, pode ser o suficiente para proteger, sem comprometer as articulações, por 3 anos ou mais dependendo de cada organismo.
2. Castração Precoce
A decisão de castrar um cão deve considerar vários aspectos, e a saúde articular é um deles. A remoção precoce dos hormônios sexuais pode interferir no desenvolvimento ósseo.
Durante o crescimento, os ossos longos possuem áreas chamadas placas de crescimento. Essas placas são responsáveis por alongar os ossos até o cão atingir a maturidade. Quando o animal é castrado antes de completar esse processo, as placas permanecem ativas por mais tempo, o que pode causar desequilíbrios estruturais. Diversos estudos demonstram que castrar antes do fechamento dessas placas aumenta significativamente o risco de doenças como displasia de quadril e cotovelo, ruptura de ligamento cruzado e luxação patelar.
Por exemplo, em um estudo com Golden Retrievers, a castração antes dos 6 meses quadruplicou a incidência de problemas articulares. Já em cães da raça Pastor Alemão, os machos castrados antes de um ano tiveram três vezes mais doenças articulares.
Se você optar pela castração, aguarde até que o cão esteja fisicamente maduro, o que acontece por volta dos 18 a 24 meses, especialmente em raças grandes. Pode ser uma escolha mais segura para a saúde das articulações.
3. Descuido com a Saúde Intestinal
Muitos tutores já entendem que a saúde intestinal impacta diretamente o sistema imunológico e pode estar por trás de alergias alimentares ou problemas digestivos. Mas o que poucos sabem é que um intestino comprometido pode gerar inflamações generalizadas, inclusive nas articulações.
O chamado “intestino permeável” ocorre quando a barreira intestinal se torna enfraquecida, permitindo a entrada de toxinas, partículas de alimentos mal digeridos e bactérias na corrente sanguínea. Isso desencadeia uma resposta imune inflamatória, que pode afetar diversos sistemas, inclusive o sistema músculo-esquelético.
Se o seu cão apresenta sinais de rigidez, dor ou claudicação, especialmente em raças predispostas, é importante considerar a saúde intestinal como um fator contribuinte. Outras manifestações comuns de um intestino permeável incluem dermatites, alergias, diarreias frequentes ou otites recorrentes.
Como fortalecer a saúde intestinal do seu cão?
- Ofereça uma alimentação natural e apropriada para a espécie
- Reduza ao máximo o uso de vacinas e medicamentos alopáticos
- Priorize terapias naturais e métodos de prevenção menos agressivos e com menos efeitos colaterais
Você Pode Fazer a Diferença
Muitos acreditam que problemas articulares são fruto apenas da genética ou do destino. Mas agora você sabe que algumas escolhas simples podem ajudar a preservar a mobilidade e a saúde do seu cão.
Mesmo que seu animal já tenha sido vacinado ou castrado, ainda é possível adotar cuidados que minimizem riscos futuros. E, se você está começando agora com um filhote, tem ainda mais controle sobre essas decisões.
Seu cão merece envelhecer com saúde e liberdade de movimento. E você tem um papel importante nisso.